Arquivo para abril \30\-03:00 2008

Desculpas

Certa vez eu escrevi um texto agradecendo á varias pessoas por diversas coisas que elas faziam para mim e por mim. Também puderá, eu me sentia bem, feliz, estava tão bem com tudo que estava acontecendo que queria agradecer por tudo de algum modo…

Hoje, quero pedir desculpas…

Me desculpem por escrever um post tão depressivo assim…

Me desculpem por não ser a pessoa que eu deveria ser, prometo que estou tentando melhorar, só peço que tenham paciência…

Me desculpem por cometer erros bobos, todo mundo erra, eu só espero não fazer isso de novo…

Me desculpem por eu me atrasar as vezes, não faço isso por que quero…

Me desculpem por prometer ir a lugares e não ir, e pior, inventar uma desculpa para isso…

Me desculpem por não lavar a louça ou levar o lixo, eu sei que deveria, mas por algum motivo, não faço isso…

Me desculpem por dormir demais algumas vezes, eu só preciso descansar…

Me desculpem por brigar por motivos tolos.

Me desculpem por gritar por coisas bobas.

Me desculpem por discutir sem fundamentos.

Me desculpem por não admitir que estou errado.

Me desculpem por fazer tudo isso sem motivo…

Me desculpem…

Me desculpem por faltar demais na aula, mas eu sempre penso que não haverá problemas…

Me desculpem por não escrever mais tantos textos como antes, ou por escrever textos horríveis sem significado…

Me desculpem por magoar as pessoas que eu gosto… Apesar que não há desculpa para isso… Jamais deveria fazer isso, ainda sim faço, mesmo não querendo… Sinto muito… Só peço que me desculpem, e mais, me perdoem…

Me desculpem por ser bonzinho demais as vezes, tudo que eu quero é que tudo fique bem…

Me desculpem por não saber o que fazer se alguem esta doente, passando mal, ou apenas não está legal..

Me desculpem por não dar bons conselhos.

Me desculpem por não poder curar todas as feridas.

Me desculpem por não poder confortar todas as dores.

Me desculpem por não entender todos os amores…

Me desculpem por não dizer que amo aqueles que amo com tanta freqüência quanto deveria, ou pior, por jamais ter dito. Mesmo querendo eu sinto que não posso, simplesmente isso, ou não sei por que, mas não digo, eu sei que deveria, sei que poderia e sei que vou… Essas são as pessoas mais importantes da minha vida, e se eu não digo para elas que ás amo, como posso esperar dizer isso para outra pessoa, ou mesmo admitir isso?

Me desculpem…

Me desculpem por ter uma letra feia, e ainda que eu escreva os textos mais bonitos, ainda sim, estes, serem os mais feios…

Me desculpem por não estar sempre bem arrumado…

Me desculpem por as vezes ser antipático, chato, ou apenas irritante…

Me desculpem por ficar triste as vezes…

Me desculpem por perder a fé nas coisas, é difícil acreditar que tudo ficara bem simplesmente por que vai ficar…

Me desculpem por não ser tão forte quanto eu gostaria, ou que as pessoas esperam que eu seja, eu juro que tento, mas nem sempre eu consigo carregar tanto peso sozinho…

Me desculpe por não ir ficar com você quando você mais precisou, e por ter te deixado só quando você queria que eu estivesse lá…

Me desculpem por dizer por inúmeras vezes que tudo estava bem, se de fato, não há nada bem…

Me desculpem por ser teimoso, apenas não quero atrapalhar ninguém, não quero que se preocupem comigo…

Me desculpem por fazerem com que se preocupem comigo…

Me desculpem por chorar e assim fazer com que se preocupem ou fiquem tristes…

Me desculpem por me desculpar tanto…

Me desculpem por as vezes querer ficar sozinho…

Me desculpe por te deixar mal caso eu diga ou escreva algo…

Me desculpe por te fazer chorar…

Me desculpe por ser uma pessoa tão boa, ou irritantemente perfeito, e ainda sim não ser o suficiente para ser tudo que você quer…

Me desculpem por ser apenas… Eu…

Apenas me desculpem…

Como se fosse a última vez?

Um filme que eu nunca havia visto é aquele “Como Se Fosse A Primeira Vez (50 First Dates)”, nele, como muitos devem saber, o personagem se apaixona por uma mulher que tem problemas de memória, e todos os dias ele tenta reconquistá-la.

Ok, a história por si só já é boa, mas alguns fatos extras me chamaram a atenção.

O pai e irmão dela faziam todos os dias as mesmas coisas, comemoravam todo dia o mesmo aniversário, viam as mesmas coisas falavam sobre os mesmos assuntos… Entretanto, certo dia ela descobre toda a verdade, que não é o dia que ela pensa que é, e que nada é verdade, que todos os seus dias tem sido mentiras.

Convenhamos… Descobrir que todos os seus dias têm sido apenas mentiras deve ser tão decepcionante, saber que você não tem direito a fazer o que quer de fato, ou que esta preso á um ciclo vicioso dos mesmos fatos e acontecimentos. Triste. Triste e decepcionante. Espero não acordar um dia e descobrir isso de mim, é normal se decepcionar com algumas coisas que acontecem, mas não é normal se decepcionar com suas próprias atitudes e as pessoas perto de você.

Voltando ao filme, certa hora a mulher (Lucy), percebe que estava “atrasando” a vida de Henry (o personagem que gostava dela) e que não havia como eles ficarem juntos, e decide dar um fora nele. Ele, mesmo triste e decepcionado, aceita a decisão dela, e parte. Mas, entretanto, porem, todavia, como os filmes têm finais felizes ele volta depois de perceber uma coisa, os dois ficam juntos, se casam, tem uma filha e são felizes, mesmo sob a condição dela. E os dias passam a não ser mais mentiras.

Deve-se ressaltar que alguns dias ele não conseguia a atenção dela, ela o mandava embora e tudo mais, mas mesmo assim ele não deixava de ir no outro dia.

Por que todas as coisas não podem ser como um filme? Cheio de reviravoltas enfim, mas com um final feliz? É mesmo justo acreditar que tudo que se faz é certo, mesmo que seja mais um dia de mentira? É justo ignorar a própria sorte, e pior, ignorar a própria felicidade?

É justo se conformar com isso?

O que aconteceria se todos se conformassem com suas situações? Ninguém tentaria melhorar, ninguém seguiria em frente, ninguém jamais pensaria diferente… Eu jamais estudaria mais pra uma prova se me contentasse com minhas notas baixas, um time não procuraria treinar depois de perder um jogo, um cientista jamais teria descoberto a cura de alguma doença, o Henry nunca teria tentado dia após dia reconquistar a Lucy e nunca teria ficado com a pessoa que o fez feliz de fato.

Mesmo eu, não estaria escrevendo esse texto.

Se conformar com algo, é aceitar algo, se esse algo não está certo, se não te faz feliz, se conformar significa aceitar ser derrotado. Ser derrotado? Não obrigado, apesar de dizer que sim, eu não aceito uma derrota, não aceito me conformar com algo e deixar pra lá como se nada tivesse acontecido, enquanto existe um pingo de força e vontade de mim eu lutarei, e enquanto minha esperança por imortal, assim como o Henry eu voltarei, e voltarei, e voltarei… Afinal, eu sempre volto!

Quantas vezes no mesmo filme ele se despediu dela para enfim voltar no outro dia e começar tudo de novo? E pior, ela mesmo, quantas vezes se despediu dele no fim do tudo, sabendo que amanhã não lembraria de nada, sabendo que tudo acabaria no nascer do sol e que nem lembranças restariam? Quantas vezes ela, eu, e todas as pessoas se despedem, como se fosse a última vez?

Talvez não seja a coisa mais justa á se fazer, escrever tudo isso, talvez não seja justo continuar com esperanças e permitir que a violência da sorte decida tudo.

Mas é justo ver alguém infeliz e olhar pro outro lado?

É justo ignorar o que te faz feliz?

Não, não é.

PS: “Você não iria querer passar 1 hora do dia com ela?” – Henry

PS2: “O que você vai ganhar com isso?” – Pai, “Eu não sei…” – Henry

Sobre pedidos e negações

Quando alguem que você gosta pedir-lhe algo, não negue… Melhor que isso, quando você tiver certeza que a pessoa quer mesmo isso, que precisa disso, não negue, não importando o que seja, ou quais conseqüências isso vá trazer.

Podem dizer que sou louco, e certamente dirão que sou! Não lhes tiro a razão, talvez eu seja mesmo louco, ou talvez tenha mais juízo que qualquer um, pois eu sei do que preciso e como preciso, eu sei o que devo fazer e o que eu gostaria que fizessem comigo.

Eu sei o que devo pedir… E talvez por isso, eu pedi.

Mas meu pedido me foi negado… Um ultimo gesto, simples, rápido, fácil, era tudo que eu pedia naquele momento, tão simples como dizer uma frase, era tudo que eu pedia e me foi negado… Uma ultima linha antes do próximo capitulo, uma frase final, uma conclusão deste ato do espetáculo…

Algumas vezes encontramos nossas esperanças e sonhos despedaçados e tentamos conserta-los, tentamos nos redimir da doce sensação de ver algo tão perto mas ao mesmo tempo tão longe, tentamos encontrar uma maneira de nos libertar de nossos pecados, uma maneira de pedir perdão não com palavras mas com a mente, com o orgulho, com a consciência e sobretudo com a alma.

Mas isso me foi negado.

Minha redenção me foi negada.

Talvez tudo que eu queria era poder levantar com a cabeça erguida, ainda que sangrando… Tudo que eu queria era poder olhar para o alto feliz por me sentir livre de todas as crenças e ter a falsa certeza que naquele momento eu estava perdoado. Era ter a certeza que podia me levantar não importando quais punições venham com a sentença…

Meu perdão me foi negado.

Tudo que queria era ter a certeza que não importa sob quais condições eu posso contar com uma mão amiga, que estaria disposta a fazer algo por mim, algo que ninguém mais esteve. Certamente ninguém mais entenderá, e sinceramente não ligo que não entendam. Eu mesmo me entendo com minha alma.

Minha compreensão me foi negada.

Ah sim, é fácil dizer que está tudo bem, mas é difícil acreditar nisso! E isso significa que de fato não está! Pode parecer egoísta, sim, mas se alguem quer se redimir por algo que fez, ou que pensa que fez, basta que liberte a alma dessa pessoa, liberte de seus pecados, suas lamentações e anseios… Me negaram quebrar minhas correntes…

Minha libertação me foi negada.

Faz sentido? Não. Mas quem mesmo disse que tinha que fazer sentido? Certamente não fui eu, caso contrário não estaria aqui… Eu teria ficado feliz com isso, com esse ultimo ato… Teria me sentido melhor, pronto para de fato olhar nos olhos no destino e dizer meu nome… Ainda que eu entenda que não é fácil fazer certas coisas, as vezes é necessário… Todos os dias fazemos isso, todos os dias partimos um coração, magoamos alguem, fazemos algo errado e quando temos a chance de fazer algo certo negamos isso como quem nega a verdade… Mas isso me foi negado… Eu queria isso… Eu precisava disso…

Mas me foi negado…

Infelizmente…

PS: Agora é tarde para qualquer coisa.

Invictus

Invictus

Saindo da noite que me cobre,
Negra como um fosso, de ponta a ponta,
Eu agradeço a qualquer Deus que seja,
Pela minha alma inconquistável.

Na cadência da engrenagem das circunstâncias,
Eu não me dobrei, nem chorei para que escutassem.
Sob a violência da sorte,
Minha cabeça sangra erguida.

Além deste lugar de ira e lágrimas,
Avulta tão somente o horror das trevas,
E ainda a ameaça dos anos,
Encontra, e irá encontrar-me, desprovido de medo.

Não importa o quão estreito seja o portão,
Ou quantas punições venham com a sentença,
Eu sou o senhor do meu destino.
Eu sou o capitão da minha alma.

William Ernest Henley (Invictus- 1875)